14 de setembro de 2017

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   Três. São já três os anos que completa este blog. Trinta e seis meses, sem tirar nem pôr, com a eventual excepção de umas quantas horitas de diferença entre o momento exacto da inauguração e a publicação desta entrada. Três anos, e o que aconteceu entretanto? Será isso mesmo que hoje (confesso que à falta de melhor tema…) vou abordar. Naturalmente, será inevitável que escapem ao meu radar assaz metafórico umas quantas mudanças, ou então que a minha falibilidade intrínseca me leve a descurar algumas delas, não as enumerando aqui; se assim for, e se isso constituir uma qualquer fonte de incómodo para vós, caros leitores, apresento as minhas mais sinceras desculpas, e garanto que, uma vez alertado para essa eventualidade, farei o meu melhor para corrigir a falha.

   Eis, portanto, e sem mais demoras, as diferenças no ensino que pude encontrar entre o momento da inauguração do blog e os dias de hoje:

  • Foram abolidos os exames do 4.º e do 6.º ano. Como já tenho dito, a sua substituição por provas de aferição é equivalente a trocar uma tortura potencialmente impactante por uma tortura inócua, mas poderia ser um passo em frente na direcção certa… se as coisas não tivessem ficado por aí. Acho que entendem onde pretendo chegar, certo?
  • Foi introduzida a gratuitidade dos manuais escolares do 1.º Ciclo. Correndo o risco de repetir o anteriormente afirmado, sem querer entrar em discussões políticas mais aprofundadas, e pondo de lado os eventuais impactos económico-financeiros da medida, a intenção é louvável, ainda que a sua aplicação possa não ser isenta de falhas; em particular, a reutilização de livros pode acarretar alguns problemas, razão por que consideraria mais pertinente que se optasse cada vez mais por manuais digitais em vez de físicos, como, de resto, creio que já se planeia fazer.
  • Mudaram os programas e os currículos, 25% dos quais algumas escolas puderam já alterar, ao abrigo de projectos-piloto diversos. A alteração de programas dificilmente constitui uma modificação surpreendente no estado das coisas, menos ainda quando (segundo me consta, de fonte que considero, no mínimo, razoavelmente fiável) alguns dos novos programas coincidem, pelo menos em parte, com outros que foram aplicados no passado – e num passado assim não tão recente quanto isso –, e, nalguns casos, poderão ter sido remodelados de forma tal que aumenta em vez de diminuir a confusão dos professores e, por intermédio disso, dos alunos; por outro lado, no que toca à flexibilização dos currículos, como já antes disse, é positivo que se o faça, posto que, a meu ver, flexibilizar poderá ser uma solução para uma boa parte dos problemas no ensino, mas poderemos correr o risco de subjugar demasiadamente o que é leccionado nas escolas ao que a região circundante tem para oferecer (ou pode oferecer…), uma limitação que, mesmo podendo, em certa medida, ser útil (em termos laborais, em termos da promoção do património cultural local…), não deixa de ser uma limitação e, como tal, numa situação ideal, não deveria existir.
  • E, para terminar com um ponto muito menos público que os restantes, o texto principal dos Mini-Ciclos de Leccionamento foi revisto. Como anunciado aqui, foi-lhe feita uma revisão profunda, tornando-o (esperançosamente) mais claro, mais legível, mais explícito e mais completo… ainda que isso muito pouco tenha contribuído para fazer qualquer dos melhoramentos a ele associados ocorrer, de facto. Mas nunca é tarde: a mudança, no fundo, pode sempre estar ao virar de uma esquina, e é com esta nota de esperança que pretendo saudar o novo ano que se aproxima…

   Como nota final, devo estender os meus mais sinceros agradecimentos aos múltiplos contribuidores que me permitiram efectuar esta recolha de mudanças, que foi surpreendentemente difícil. Talvez isso seja consequência da minha própria ineficácia, da minha ausência demasiado prolongada da contestação, ou talvez diga bastante acerca de como mudou o ensino em Portugal nos últimos tempos – fundamentalmente, muito pouco. Seja como for, agradeço-lhes imensamente pela ajuda, e devo frisar que quaisquer erros, falhas ou omissões provêm da minha sempre abstrusa pessoa e não das deles.

   E assim termino, de uma forma pouco habitual, esta entrada pouco habitual, esperando que o ano que agora se inicia seja recheado de muitas mais entradas do que aquelas que tenho produzido nos últimos tempos…